segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Lembranças...



 
 Independentemente da idade do ser,  os momentos que efetivamente foram importantes na vida jamais desaparecerão da memória.  O que chama atenção é que,  quanto mais experiências vividas, normalmente,  menores são as recordações. Penso que fomos criados para, através da experiência, compreender o que é a vida, e, portanto, evoluir com os aprendizados, vivendo,  cada vez  com maior intensidade cada fragmento de vida. As experiências, as vivências, deveriam, nos ensinar a observar, compreender e sentir cada instante de vida, percebendo a grandeza desta oportunidade, da natureza, de tudo o que nos rodeia.  As experiências deveriam nos ensinar a compreender a importância do semelhante, convivendo, estabelecendo vínculos,  de amizade, laços que nos fortalecem, nos ensinam que fizemos parte de um todo,  frutos do mesmo pensamento.  Se, de fato, seguíssemos o curso natural da vida,  a cada ciclo,  o acúmulo de momentos vividos, nos tornariam seres melhores mais felizes, cheios de gratas  ou tristes recordações. No entanto, parece que com o passar do tempo, menores são as experiências que  mantemos intactas na memória,  as quais,  basta querer,  e todos os detalhes surgem como se os vivêssemos novamente, fazendo vibrar o interno.  As lembranças são cada vez mais distantes, normalmente ligadas a infância, a adolescência,  aos momentos enamorados, ao nascimento de um filho.  Surge então a doença do vazio, fruto da ausência de significado da vida, da sensação de não ter feito o que se deveria fazer.  Por isso,  é comum, os incessantes conselhos dos mais experientes sobre a condução da vida, especialmente,  sobre o que deixaram de fazer, esquecendo de curtir os filhos, os netos, os amigos, a esposa, a natureza. Ensinam a amar mais, aproximar-se da natureza, ver o pôr do sol,  dizer o que sentimos, abraçar,  beijar,  tocar e ser tocado. Se assim fizermos, certamente as  lembranças mostrarão que de fato vivemos, que fizemos parte deste sistema e que deixamos nele e nos demais  sinais de nossa passagem.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Espelho da vida



 
 Certamente, cada um de nós,  possui um conceito formado à cerca de si próprio,  condutas, comportamentos, virtudes e  defeitos. Normalmente, tal conceito é formado a partir de premissas construídas pela própria personalidade, supervalorizando as virtudes e omitindo os defeitos. Por conta disso são comuns as reclamações de que não  recebemos o devido reconhecimento pelos esforços, empenhos, dedicação, qualidades etc. Tal  avaliação é de fácil constatação, basta ouvir os mais próximos e comprovar que,  dificilmente,  encontraremos alguém que manifeste satisfação com a forma que é julgado,  com os valores e virtudes que lhe são atribuídos.  Ora se existe uma incongruência total entre o que acreditamos ser e a forma com que os outros nos veem e julgam é porque, de fato, não somos o que pensamos ser. Na verdade, criamos um tipo que procuramos manter, especialmente,  nos ambientes em que menos circulamos. Este tipo procura ser sereno, dócil, agradável, paciente, tolerante, respeitoso. Por outro lado, nos ambientes em que mais convivemos (profissional ou familiar), acabamos revelando o que efetivamente  possuímos, sentimos, pensamos, seja em valores, virtudes ou defeitos. Tais características internas,  como um espelho,  acabam refletindo no mundo externo tudo àquilo que de fato somos, não é possível representar por muito tempo um estado de doçura quando o mundo interno é amargo, ou de paciência quando somos impacientes, intolerantes, de humildade quando somos vaidosos cheios de amor próprio. Se o espelho refletisse o que de fato somos, certamente,  muitos de nós,  não nos reconheceríamos e duvidaríamos da própria figura refletida. 

domingo, 15 de setembro de 2013

Aproximando distâncias

 
 Por conta da nossa característica física de viver,  desconhecemos os mais eficientes mecanismos de aproximação dispostos na criação. É evidente que um abraço, um beijo, um aperto de mão, um olhar são sinais que tem o poder de tocar profundamente, mover os rincões internos, fazê-los vibrar. No entanto, é comum a convivência sob o mesmo teto, ambiente,  pequenos espaços, com distâncias gigantesca entre os seres.  Inúmeras são  as forças dispersas na criação, das quais possuímos fragmentos,  e  que, independentemente de nossas vontades interferem diretamente sobre nossas vidas, aproximando, ou distanciando-nos. Tal aproximação ou separação, estão,  diretamente relacionadas as afinidades, ou seja a construção de qualidades, condições que nos identifiquem, e ou o frio das diferenças que distanciam. Assim, por exemplo, o amor, a manutenção dos vínculos matrimoniais, afetivos, de amizade, familiares, estão diretamente relacionados ao cultivo em ambos os seres de idênticos pensamentos, sentimentos,  gostos, virtudes, desejos, sonhos, ideais. Por outro lado,  contradições em tais características individuais, proporcionam, inevitavelmente, os distanciamentos. Assim também ocorre em relação a aproximação ou distanciamento com o próprio criador,  cujo cultivo de afinidades, identidades, são  a única forma de aproximar-se Dele, sentir sua força, energia. Do mesmo modo ocorre com àqueles entes queridos que não fazem mais parte de nossa vida física,  aos quais  nos aproximamos mantendo vivos os exemplos,  os momentos vividos,  as palavras, pensamentos e sentimentos que nos identificavam, e nos  distanciamos na medida em que os esquecemos, deixando de valorizar tudo o que deixaram de útil.  Assim, as distâncias que nos separam, não importa a dimensão,  dependem de fatores extrafísicos,  capazes de mesmo  próximos,  provocar o frio da distância, ou  distantes,  sentir o calor da presença.


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O valor de uma amizade



 
 As amizades nascem por várias circunstâncias, seja por conta do relacionamento profissional, social, familiar e ou qualquer outra oportunidade que proporcione o encontro de dois seres. O primeiro elemento que nutre esta força que vincula é a afinidade. Esta afinidade  está relacionada aos pensamentos afins, sejam eles de sofrimento, alegria, rancor e tantos outros fatores que  os identificam. No entanto,  esta grande oportunidade que é desfrutar de uma convivência harmônica e feliz,  de  aprender e ensinar com as experiências do outro, poder dividir as alegrias e as tristezas,  colaborar, contribuir, estar presente quando o outro precisa,  dependem,  do cultivo em ambos,  de elevados valores. O respeito, afeto, paciência, tolerância, compreensão são requisitos indispensáveis para a manutenção de uma amizade. Comumente, por conta da ausência do cultivo dos referidos valores,  muitas amizades são afetadas, preciosos vínculos são desfeitos. Nestas ocasiões, resta fácil compreender por quais razões sofremos tanto, já que, não conseguimos sequer superar uma pequena divergência que não deveria e não poderia jamais destruir fragmentos de vida, de  convivência extremamente felizes, compartilhamentos de sentimentos,  vitórias ou dores. É bem verdade que alguns fatos magoam profundamente,  mas,  a superação  da frustração é a maior demonstração de grandeza de valorização do amigo. Afastar estas sensações amargas do mundo interno, é livrar-se de características negativas que nos machucam  por dias, meses, ou as vezes por uma vida. Uma verdadeira amizade não pode ficar a mercê do acaso, deve ser cuidada como uma joia, protegida,  regada incessantemente.  

sábado, 7 de setembro de 2013

Eternizando a vida



 
 Incontáveis são as edificações construídas ao longo da existência da civilização,  objetivando, eternizar a vida de seu criador. Grande parte dos mais afortunados, patrocinaram construções de templos, torres, castelos,  e outras tantas obras faraônicas a fim de deixar registrado para história sua passagem. Buscavam,  também,  seus autores,  homenagear seus Deuses com obras que consumiam milhares de vidas,  anos de trabalho intenso de escravos etc. Outros  planejavam e executavam rituais pós morte, na busca de perpetuar o físico intacto, acreditando assim, eternizar suas vidas. Em que pese os avanços da civilização,  muitos ainda continuam planejando e executando registros materiais, físicos,  imaginando,  assegurar sua continuidade após a morte. Inegável que muitos feitos materiais permanecerão úteis para a humanidade e, quem, sabe,  serão motivos de recordação de seu criador. No entanto,  o eterno que devemos construir nesta passagem não são físicos e sim extrafísicos. Cada um de nós, de acordo com as realizações experimentadas em seu mundo interno, ou seja, nos pensamentos e sentimentos desenvolvidos, condensados no coração, elevados a característica do ser, e, portanto registrados na consciência serão nossos feitos. Assim, após a morte, estes conhecimentos  transcendentes, acumulados na consciência serão recolhidos por nosso fragmento divino e eterno chamado espírito,  estendendo a existência além do túmulo. Portanto tornar-se eterno, é construir dentro do próprio ser obras de bem, viver, experimentar, conhecer as próprias entranhas e todo criado que nos rodeia interpenetra e interfere decisivamente em nossa vida.  Eternizar é deixar fragmentos vividos espalhados pela criação, dela fazendo parte, vibrando, interferindo, contribuindo para que a vida dos demais seja melhor e mais feliz. O eterno, nasce, floresce,  e amadurece no interno do ser através  da construção de exemplos de vida, realizações, conhecimentos desenvolvidos e aperfeiçoados que serão incorporados ao cosmos e continuarão vivendo após a nossa morte.