Independentemente da idade do
ser, os momentos que efetivamente foram
importantes na vida jamais desaparecerão da memória. O que chama atenção é que, quanto mais experiências vividas,
normalmente, menores são as recordações.
Penso que fomos criados para, através da experiência, compreender o que é a
vida, e, portanto, evoluir com os aprendizados, vivendo, cada vez
com maior intensidade cada fragmento de vida. As experiências, as
vivências, deveriam, nos ensinar a observar, compreender e sentir cada instante
de vida, percebendo a grandeza desta oportunidade, da natureza, de tudo o que
nos rodeia. As experiências deveriam nos
ensinar a compreender a importância do semelhante, convivendo, estabelecendo
vínculos, de amizade, laços que nos
fortalecem, nos ensinam que fizemos parte de um todo, frutos do mesmo pensamento. Se, de fato, seguíssemos o curso natural da
vida, a cada ciclo, o acúmulo de momentos vividos, nos tornariam seres
melhores mais felizes, cheios de gratas ou tristes recordações. No entanto, parece que
com o passar do tempo, menores são as experiências que mantemos intactas na memória, as quais, basta querer, e todos os detalhes surgem como se os
vivêssemos novamente, fazendo vibrar o interno.
As lembranças são cada vez mais distantes, normalmente ligadas a
infância, a adolescência, aos momentos
enamorados, ao nascimento de um filho. Surge então a doença do vazio, fruto da
ausência de significado da vida, da sensação de não ter feito o que se deveria
fazer. Por isso, é comum, os incessantes conselhos dos mais
experientes sobre a condução da vida, especialmente, sobre o que deixaram de fazer, esquecendo de
curtir os filhos, os netos, os amigos, a esposa, a natureza. Ensinam a amar
mais, aproximar-se da natureza, ver o pôr do sol, dizer o que sentimos, abraçar, beijar, tocar e ser tocado. Se assim fizermos,
certamente as lembranças mostrarão que
de fato vivemos, que fizemos parte deste sistema e que deixamos nele e nos
demais sinais de nossa passagem.
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
Espelho da vida
Certamente, cada um de nós, possui um conceito formado à cerca de si próprio, condutas, comportamentos, virtudes e defeitos. Normalmente, tal conceito é formado
a partir de premissas construídas pela própria personalidade, supervalorizando
as virtudes e omitindo os defeitos. Por conta disso são comuns as reclamações
de que não recebemos o devido
reconhecimento pelos esforços, empenhos, dedicação, qualidades etc. Tal avaliação é de fácil constatação, basta ouvir
os mais próximos e comprovar que, dificilmente, encontraremos alguém que manifeste satisfação
com a forma que é julgado, com os
valores e virtudes que lhe são atribuídos. Ora se existe uma incongruência total entre o
que acreditamos ser e a forma com que os outros nos veem e julgam é porque, de
fato, não somos o que pensamos ser. Na verdade, criamos um tipo que procuramos
manter, especialmente, nos ambientes em
que menos circulamos. Este tipo procura ser sereno, dócil, agradável, paciente,
tolerante, respeitoso. Por outro lado, nos ambientes em que mais convivemos (profissional
ou familiar), acabamos revelando o que efetivamente possuímos, sentimos, pensamos, seja em
valores, virtudes ou defeitos. Tais características internas, como um espelho, acabam refletindo no mundo externo tudo àquilo
que de fato somos, não é possível representar por muito tempo um estado de
doçura quando o mundo interno é amargo, ou de paciência quando somos
impacientes, intolerantes, de humildade quando somos vaidosos cheios de amor próprio.
Se o espelho refletisse o que de fato somos, certamente, muitos de nós, não nos reconheceríamos e duvidaríamos da
própria figura refletida.
domingo, 15 de setembro de 2013
Aproximando distâncias
Por conta da nossa característica física de viver, desconhecemos os mais eficientes mecanismos
de aproximação dispostos na criação. É evidente que um abraço, um beijo, um
aperto de mão, um olhar são sinais que tem o poder de tocar profundamente,
mover os rincões internos, fazê-los vibrar. No entanto, é comum a convivência
sob o mesmo teto, ambiente, pequenos
espaços, com distâncias gigantesca entre os seres. Inúmeras são
as forças dispersas na criação, das quais possuímos fragmentos, e que,
independentemente de nossas vontades interferem diretamente sobre nossas vidas,
aproximando, ou distanciando-nos. Tal aproximação ou separação, estão, diretamente relacionadas as afinidades, ou
seja a construção de qualidades, condições que nos identifiquem, e ou o frio
das diferenças que distanciam. Assim, por exemplo, o amor, a manutenção dos
vínculos matrimoniais, afetivos, de amizade, familiares, estão diretamente
relacionados ao cultivo em ambos os seres de idênticos pensamentos,
sentimentos, gostos, virtudes, desejos,
sonhos, ideais. Por outro lado,
contradições em tais características individuais, proporcionam,
inevitavelmente, os distanciamentos. Assim também ocorre em relação a
aproximação ou distanciamento com o próprio criador, cujo cultivo de afinidades, identidades, são a única forma de aproximar-se Dele, sentir sua
força, energia. Do mesmo modo ocorre com àqueles entes queridos que não fazem
mais parte de nossa vida física, aos
quais nos aproximamos mantendo vivos os
exemplos, os momentos vividos, as palavras, pensamentos e sentimentos que
nos identificavam, e nos distanciamos na
medida em que os esquecemos, deixando de valorizar tudo o que deixaram de
útil. Assim, as distâncias que nos
separam, não importa a dimensão, dependem de fatores extrafísicos, capazes de mesmo próximos, provocar o frio da distância, ou distantes, sentir o calor da presença.
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
O valor de uma amizade
As amizades nascem por várias circunstâncias, seja por conta
do relacionamento profissional, social, familiar e ou qualquer outra
oportunidade que proporcione o encontro de dois seres. O primeiro elemento que
nutre esta força que vincula é a afinidade. Esta afinidade está relacionada aos pensamentos afins, sejam
eles de sofrimento, alegria, rancor e tantos outros fatores que os identificam. No entanto, esta grande oportunidade que é desfrutar de
uma convivência harmônica e feliz, de aprender e ensinar com as experiências do
outro, poder dividir as alegrias e as tristezas, colaborar, contribuir, estar presente quando o
outro precisa, dependem, do cultivo em ambos, de elevados valores. O respeito, afeto,
paciência, tolerância, compreensão são requisitos indispensáveis para a
manutenção de uma amizade. Comumente, por conta da ausência do cultivo dos
referidos valores, muitas amizades são
afetadas, preciosos vínculos são desfeitos. Nestas ocasiões, resta fácil
compreender por quais razões sofremos tanto, já que, não conseguimos sequer
superar uma pequena divergência que não deveria e não poderia jamais destruir
fragmentos de vida, de convivência
extremamente felizes, compartilhamentos de sentimentos, vitórias ou dores. É bem verdade que alguns
fatos magoam profundamente, mas, a superação
da frustração é a maior demonstração de grandeza de valorização do
amigo. Afastar estas sensações amargas do mundo interno, é livrar-se de
características negativas que nos machucam
por dias, meses, ou as vezes por uma vida. Uma verdadeira amizade não
pode ficar a mercê do acaso, deve ser cuidada como uma joia, protegida, regada incessantemente.
sábado, 7 de setembro de 2013
Eternizando a vida
Incontáveis são as edificações
construídas ao longo da existência da civilização, objetivando, eternizar a vida de seu criador. Grande parte
dos mais afortunados, patrocinaram construções de templos, torres,
castelos, e outras tantas obras
faraônicas a fim de deixar registrado para história sua passagem. Buscavam, também, seus autores, homenagear seus Deuses com obras que consumiam
milhares de vidas, anos de trabalho
intenso de escravos etc. Outros
planejavam e executavam rituais pós morte, na busca de perpetuar o
físico intacto, acreditando assim, eternizar suas vidas. Em que pese os avanços
da civilização, muitos ainda continuam
planejando e executando registros materiais, físicos, imaginando, assegurar sua continuidade após a morte.
Inegável que muitos feitos materiais permanecerão úteis para a humanidade e,
quem, sabe, serão motivos de recordação
de seu criador. No entanto, o eterno que
devemos construir nesta passagem não são físicos e sim extrafísicos. Cada um de
nós, de acordo com as realizações experimentadas em seu mundo interno, ou seja,
nos pensamentos e sentimentos desenvolvidos, condensados no coração, elevados a
característica do ser, e, portanto registrados na consciência serão nossos
feitos. Assim, após a morte, estes conhecimentos transcendentes, acumulados na consciência
serão recolhidos por nosso fragmento divino e eterno chamado espírito, estendendo a existência além do túmulo. Portanto
tornar-se eterno, é construir dentro do próprio ser obras de bem, viver,
experimentar, conhecer as próprias entranhas e todo criado que nos rodeia
interpenetra e interfere decisivamente em nossa vida. Eternizar é deixar fragmentos vividos
espalhados pela criação, dela fazendo parte, vibrando, interferindo, contribuindo
para que a vida dos demais seja melhor e mais feliz. O eterno, nasce, floresce,
e amadurece no interno do ser
através da construção de exemplos de
vida, realizações, conhecimentos desenvolvidos e aperfeiçoados que serão
incorporados ao cosmos e continuarão vivendo após a nossa morte.
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