quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O amor e o casamento


 
  Certamente a mais importante instituição humana é a família, formada por dois seres que se unem em decorrência de afinidades, comunhão de pensamentos, sentimentos, projetos e ideais comuns. Em que pese a grandiosidade e importância da decisão, muito pouco se sabe sobre os elementos que devem compor a união sob pena de malograr todo o projeto traçado. Ocorre que os fatores que vão aos poucos unindo dois seres são formados por elementos não explicitamente conhecidos, ou seja, embora seja possível identificar aspectos de atração, as razões que formam o amor não são conscientes. Fácil constatar que o amor que provoca a união de dois seres não é fruto de vontade pensada, ao contrário, normalmente os vínculos vão se formando sem que se tenha domínio dos movimentos internos que estão sendo formados. Sem perceber o amor  toma forma, une, liga, faz vibrar o interno e surge então a necessidade de construção de uma vida em comum. No entanto, mesmo com o  surgimento da mais sublime obra que pode um ser humano deixar, (filhos), de longa data, tem emergido sinais evidentes da ausência de conhecimento sobre os fatores que interferem, mantém e ou afastam os seres. O percentual de separações é imenso, quase metade das uniões acabam em separação. Outro grande número, mesmo que persista formalmente,  vivem a frieza do distanciamento, o convívio é amargo, triste, inexiste diálogo, prazer na convivência. Como mudar este panorama? É preciso compreender que o amor é fruto da identidade de pensamentos e sentimentos, da comunhão dos mesmos objetivos ideais, sonhos. Elemento imprescindível da união é o afeto que é o amor feito consciência. O amor depende do cultivo de três elementos, paciência, tolerância e constância. Portanto, a destruição dos vínculos ocorre pela ausência do cultivo dos valores expostos e por conta do distanciamento dos projetos e ideais comuns. A sensibilidade, radar psicológico capta os sinais emergidos do interno do ser e  os fios invisíveis que ligavam os seres vão sendo destruídos  automaticamente.  Recordar dos encantos que originaram o amor,  cultivar os valores acima referidos ciente de que,  embora as atrações mundanas, a felicidade depende, necessariamente da aprovação da consciência do correto proceder.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O céu e o inferno


 
Desde criança fomos aterrorizados com um “ lugar” que segundo incutiram em nossos pais,  é o destino para onde são encaminhados os seres humanos que não cumprem com determinadas regras. Nesse lugar,  as almas seriam queimadas até o completo desaparecimento. As regras que implicariam no encaminhamento para o inferno são muitas e variadas, cada cultura, crença criou diferentes condutas, atitudes e até pensamentos que culminariam com a pena capital. Ao longo da existência humana pensamentos, condutas e entendimentos diferentes tem sido causas,  da condenação ao inferno. O não cultivo de rituais, crenças, adoração de símbolos, locais, também culminariam com o fim trágico. A imaginação situou o inferno nas profundezas do cosmos, enquanto o céu, ao contrário,  estaria no alto. Se refletirmos com o mínimo de liberdade,  resta fácil compreender,  que o sistema cósmico, formado por milhares de planetas, estrelas, sóis não pode fisicamente contemplar profundezas nem altitudes, tudo depende do ângulo que se observa. Por outro lado, impossível pensar que a alma, algo imaterial,  possa queimar. Impossível pensar também que Deus criaria um ser a sua imagem e semelhança e o  condenaria a queimar em algum lugar pelo fato de não cumprir com regras inventadas pelos próprios homens. Evidentemente que não. O céu e o inferno são escolhas individuais. Cada um de nós é responsável pelo próprio destino, podendo caminhar elevando-se melhorando, aperfeiçoando os próprios pensamentos e sentimentos, e, portanto a conduta, ou  conduzir-se pelos atalhos do fácil, do ócio, dos desejos do instinto, da busca inescrupulosa pela conquista material atropelando, pisoteando, machucando o semelhante. O céu e o inferno são a própria caminhada,  que pode ser doce, serena, reflexiva, contemplativa da paisagem, sempre aproveitada para aprender, ensinar, cultivar valores elevados,  sentir gratidão por tudo o que é oferecido, ou pode ser amarga, turbulenta na exata medida do cultivo pessoal. O céu e o inferno possuem o mesmo endereço, o interno do próprio ser,  ali, a consciência individual, altar máximo da estrutura humana, dita as merecidas sensações.

domingo, 19 de agosto de 2012

Quem será contra nós?






 
Ao desconhecer o funcionamento deste magnífico sistema cósmico,  e, devido a propensão ao fácil e ao engano, tem o homem adotado como verdades inúmeras falácias que objetivam única e exclusivamente atender  pretensões de seus criadores. Dentre tantos enganos, um deles tem sido responsável por muitos fracassos, sofrimentos e angústias. Refiro-me a todo embuste, crença, que pretenda incutir ideia de que as conquistas individuais estão depositadas nas mãos alheias. Exploradores da ignorância humana, tem, ao longo da existência, se beneficiado de  supostos poderes, dons, capacidades, os quais teriam o condão de atrair para a vida de seus seguidores os objetos do desejo. Em que pese a singeleza do embuste, evidenciado através dos exemplos, ou falta deles,  o temor tem limitado a liberdade de pensar. É comum o detentor do suposto poder, não conseguir manter sequer uma vida familiar harmônica, com filhos educados, possuidores dos mesmos valores. Tivessem, realmente,  o poder que propalam, evidentemente, a esposa, filhos, amigos, familiares, seriam os primeiros a seguir o exemplo, beneficiando-se dos atributos do ”benfeitor”. No entanto, numa análise um pouco atenta, resta fácil comprovar que sequer consegue ele ser feliz, normalmente é amargo em seu mundo interno, sua individualidade comprova e reage a falácia enganadora que propala. Na verdade, o “pseudo” poder, conhecimento,  inexiste, persiste apenas a capacidade de representar  enganando a fim de sustentar os benefícios que aufere com a ignorância dos seus seguidores. O temor inculcado através de frases feitas tem impedido o livre exercício das faculdades mentais e sensíveis e, portando de ver a realidade. A audácia é tamanha que além de propalar de supostos dons divinos, ainda se inculca temor ao semelhante como se também destes tivéssemos que ter medo. Exemplo disso é a frase “Se Deus é por nós quem será contra”. Ora, contra nós é nossa ignorância, falta de vontade, medos, vaidade, amor próprio e tantos outras deficiências que nos impedem de evoluir e conquistar. Somos detentores exatamente dos mesmos poderes, capacidades, dons, competindo a cada um, exclusivamente,  construir um caminho luminoso oriundo do saber ou das trevas fruto da ignorância.  

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Devia ter abraçado mais...



 

Muitas são as reflexões, eternizadas em poesias, músicas, pensamentos, pinturas, oriundas das profundezas de seres que, inconformados com a vida que levaram ou ainda levam, externaram seu arrependimento. Certamente muitos dos leitores, em vários momentos da vida, normalmente estimulados por acontecimentos álgidos, se propuseram a mudar. Inúmeros são os momentos em que a consciência chama atenção, indicando que a rota precisa de ajustes, que a vida pode e deve ser ampliada, que existem maravilhas ainda não percebidas, não devidamente valorizadas, esquecidas. Normalmente, o devido valor só é atribuído quando não é mais possível desfrutar da companhia, do momento etc. Quantos são os que sofrem por não mais poder dizer ao seu ente querido o quanto ele era importante, o quanto o amava? Quantos são os que não podem mais dizer a um amor da gratidão por ter participado da vida, oportunizado momentos sublimes?  Quantos são os que, não valorizaram, não cuidaram da saúde, e, atingidos pela doença, tudo dariam para recuperá-la? O mal é que, quando a vida oferece nova oportunidade, logo os propósitos são esquecidos, voltamos ao piloto automático.  Portanto é preciso recordar, a cada instante, de agradecer, de valorizar, de observar, atentar para tantos aspectos que nos são gratos, que nos fazem sentir protegidos, amados, respeitados. Atentar, agradecer pela saúde, pelas inúmeras oportunidades que esta condição nos oferece. Atentar para as maravilhas da natureza que, a cada instante, nos convida a estabelecer vínculos, observar o nascer de um novo dia, o entardecer, a linda noite, a chuva, o sol, os pássaros, as flores e plantas, sentir a energia do oxigênio penetrando em nossos pulmões. Atentar e agradecer a tudo o que nossos pais nos fizeram e continuam fazendo, dizer obrigado, eu te amo enquanto ainda desfrutamos de convívio. Dizer amo você meu filho, tenho orgulho de você, falar da sua importância, conviver, falar, ouvir, abraçar, beijar. E assim, a cada instante, abraçar mais, respeitar as pessoas como elas são, ver o sol se por...   

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Lágrimas de felicidade


 
Parece incongruência, associar lágrimas á felicidade, no entanto,  penso,  estão elas intimamente ligadas. É comum confundir alegria com felicidade, enquanto àquela é fruto de instantes fugazes irrefletidos oriundos de fatos circunstanciais, esta,  depende de consagração intima, pura,  em elevados estados mentais e sensíveis e,  talvez por isso seja tão difícil conceituar, diagnosticar, perceber e ou cultivá-la. Há muito tenho refletido sobre a lágrima sua origem, causa,  bem como sua ligação com as mais sublimes sensações que pode experimentar o ser humano. É bem verdade que, muitas vezes,  a lágrima é oriunda de profundos estados de tristeza, amargura e dor. No entanto, também inegável que sua ocorrência está diretamente ligada a estados íntimos de pureza, consagração e recolhimento. A lágrima nasce de estados  profundos,  da sublime intimidade, da ausência de elementos estranhos.  A felicidade, da mesma forma,  depende de um estado mental e sensível propício, não se confunde com alegria, com instantes de gargalhadas proferidas para o externo, não, a felicidade nasce e se desenvolve nos mais distantes rincões da alma, floresce na consciência e se revela em sensações intimas, sentir puro, deixando marcas indeléveis para toda vida. Tivesse que associar felicidade a algum acontecimento externo, certamente seria a lágrima, é ela que emerge pura no nascimento de um filho, na realização, conquista de um grande objetivo, no beijo de um amor verdadeiro, no abraço do irmão, amigo, na mais bela paisagem, naquele filme que nos dá valiosas lições de vida. Por isso, penso que lágrima e a felicidade se identificam pela necessidade da construção de estados mentais e sensíveis adequados, os quais só se tornam possível quando o mais belo e puro do ser humano se  unem em consagração intima, desprovidos de vaidade, de amor próprio.  

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A arte de ser pai




 
 
Culturalmente,  os maiores ônus na tarefa de criar os filhos são atribuídas a mãe. Ao pai compete a luta pela conquista dos suprimentos necessários á sobrevivência, alimentos, vestuário, habitação. Por conta disso, a responsabilidade pela educação,  inculcação de valores,  também são depositados sob os ombros maternos. A presença paterna, geralmente é chamada quando são extrapolados os limites,  ou seja, nos momentos em que são exteriorizados sinais de desvios, da falta de elementos vitais. É bem verdade que ao longo do tempo tal tendência vem sofrendo alterações, muitos são os que lutam, ás vezes mais que a própria natureza feminina, oferecendo afeto, carinho, atenção. No entanto, o artigo pretende chamar á reflexão sobre a magnitude, grandeza desta grande oportunidade. Em que pese a tendência herdada da época das cavernas, ser pai é uma das maiores oportunidades oferecidas, condição que propicia ensinar  e aprender, amar e ser amado, plantar e colher.  A arte da paternidade implica na drástica mudança nos hábitos, costumes cultivados até o nascimento, momento em que, com a posse  daquela  vida frágil, nos é dado a oportunidade de fazer dela uma grande obra,  reflexo de tudo que efetivamente somos. Á partir de então, começa a ser construído o destino de um ser, até àquele momento,  livre de defeitos, terra virgem pronta para receber cultivo. Portanto,  a arte de ser pai implica na  necessidade de selecionar as sementes, cultivá-las no tempo e modo adequados a fim de no futuro presenciar o germinar e as colheitas. A arte de ser pai implica em vigiar o ambiente a fim de não malograr o cultivo, oferecer o calor necessário, abraçando, beijando,  compartilhando, rindo e chorando juntos. A arte de ser pai implica na  necessidade de orientar, proteger, evitar tendências negativas,  ser firme nas diretrizes sem no entanto perder a ternura. Ensinar com amor, afeto,  nunca esquecendo que a maior ferramenta é o exemplo. A arte de ser pai oferece o espelho da própria vida, refletindo no filho, tudo que somos, em valores, virtudes é também em defeitos. A arte de ser pai oferece a conquista do maior patrimônio que possamos construir, ser amado e respeitado,  mantendo vivo o cultivo dos valores que foram incorporados na vida do filho.

domingo, 5 de agosto de 2012

A verdadeira vida





 
 Muito se discute onde começa a vida humana, se no ato da concepção, fecundação, semanas  de gestação e/ou com o nascimento. É unânime, no entanto,  que,  com o nascimento, funcionamento dos órgãos vitais,  o respirar,  inicia a vida. No entanto, com o passar do tempo, com a gradativa evolução das faculdades pessoais, especialmente,  do sistema mental, com as faculdades de (pensar, razonar,  observar, entender etc)   e ainda do sensível  (querer, amar, sofrer etc), vão evidenciando que a vida  é muito mais do que o limitado e questionado conceito em debate. É comum os filhos, em que pese amarem seus pais, planejarem viver de modo diferente, pois  observam e percebem as angústias e sofrimentos dos pais e, por isso, almejam outra forma de viver. Em que pese a necessidade de compreender  que a vida humana, transita, circula, é construída e solidificada em vários mundos, existe um deles que é o pilar de todas as demais. Como dito,  viver implica em construir pilares de sustentação no mundo  profissional, sem o qual, fatalmente as demais vidas sofrerão as agruras da ausência de suporte econômico. Por outro lado, o êxito na vida  dos “negócios” depende da construção de boas relações,  as quais são também responsáveis por  momentos de lazer, distrações, além da ímpar oportunidade de observar, conhecer a psicologia própria e a dos demais. Impossível falar da vida humana, sem falar em família, lugar onde é fecundada, alimentada, cultivada a nova vida que irá surgir, além de oferecer o porto seguro, o ambiente que recolhe, oferece proteção, suporte para as várias lutas que virão.   Em que pese os pilares citados,  a sustentação de todos está situada no interno de cada um. Não haverá  vida profissional, social, familiar exitosa e feliz se o interno do ser não manter uma estrutura capaz de compreender , alimentar, cuidar de cada uma das vidas antes citadas. É no mundo interno que o ser vence ou é vencido, onde experimenta sensações de alegria ou tristeza. É dessa vida ou mundo que surgem os conhecimentos para lidar com todas as situações postas, a paciência,  a inteligência para a condução adequada dos problemas do cotidiano. É neste mundo onde o ser constrói o que é verdadeiro, duradouro, o que permanecerá depois de sua  morte. É neste mundo que é possível melhorar aperfeiçoar e aproximar-se de Deus, ou então construir o fim de sua existência.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Aproximar-se de Deus





 
 
Ao longo da existência humana, tem o homem procurado, de todas as formas,  aproximar-se de Deus. Para tanto, criou e continua criando inúmeras formas, rituais, ambientes  que, segundo  quem os instituiu seriam o caminho. Mesmo com a evolução  na compreensão dos mais complexos sistemas, mecanismos que propiciam melhores condições de vida, de saúde etc, a mente humana continua incapaz de encontrar o caminho que lhe conduza até seu criador. É que, todas as “supostas” formas de aproximação, falham no primeiro pressuposto para atingir fim tão elevado, ou seja, todos, absolutamente todos, estabelecem como condição,  a adoção dos rituais impostos, a impossibilidade de questionamento, a necessidade de submeter-se indefinidamente aos preceitos previamente estabelecidos. Falham porque, nenhum deles ensina o ser humano a construir por sua própria conta o caminho até o criador. Falham porque,  partem do pressuposto que Deus criou diferentes categorias de seres humanos, uns com dons superiores,  e outros que deles dependeriam para conhecer e saber da própria vida e destino. Falham porque se colocam ou impõe existência de intermediários  dos quais dependeríamos para falar com Deus. Falham porque impõe o temor a Deus, a fé cega, como se Ele dependesse que acreditássemos nele ao invés de conhecê-lo.  Falham porque basta observar os exemplos dos supostos interlocutores para comprovar o quanto suas condutas pessoais, de vida em família, social, no mundo econômico, da exploração de dita condição,  evidenciam que jamais, Deus permitira que em seu nome alguns se beneficiassem em detrimento de outros.  Deus, autor desta magnífica criação onde colocou o único ser inteligente  do qual dotou de partícula própria,  impôs um  caminho a seguir como razão da existência. Esse caminho é o caminho da evolução, da superação,  de transcender estados de consciência somente  possível dentro de cada uma. Evoluir, transcender, superar-se é tarefa pessoal, individual que depende de conhecimento, de saber, de nutrir a inteligência com elementos que propiciem  definir entre o bem e o mal, o certo do errado, o justo do injusto. Esse conhecimento  propicia aproximar-se de Deus, conhecendo e sabendo de sua vontade através da própria consciência. Aproximar-se de Deus depende de conhecer seu pensamento, só permitido a quem cultiva dentro de si elementos de idêntica hierarquia.