sábado, 30 de abril de 2011

Potência desconhecida, sensibilidade


Desde cedo, aprendemos que embora  o maior grau de desenvolvimento humano, restringimo-nos a desfrutar de apenas cerca de 10% (dez) por cento de nossa capacidade. Embora tal conclusão não tenha merecido contestação, muito pouco se sabe onde estariam os 90% de potencial,  não explorados. Penso que a limitação se inicia pelo total desconhecimento do funcionamento e uso de  dos mecanismos sensíveis e espirituais que possuímos,  os quais,  embora  correntemente aceitos, pouco conhecemos. A exploração das prerrogativas humanas tem se restringido,  basicamente,  ao uso do  sistema mental,  cujo mecanismo, embora de grande importância,  contempla apenas  parte de nossas potencias internas. Quem sabe,  se conseguíssemos  conhecer, compreender e utilizar as inteligências depositadas no sistema sensível não  avançaríamos, significativamente,  no uso de nossas capacidades. Muitos, acreditam que sensibilidade é algo que pertença a natureza feminina,  não compreendendo que homem também  ama, sofre,   perdoa  e  sente, faculdades estas,  ligadas diretamente a sensibilidade.  Ocorre que, ao contrário do que acreditam muitos, o alcance da sensibilidade, como acontece com a mente, está diretamente relacionada ao grau de inteligência do ser. Assim, quanto mais conteúdo moral, ético tiver o ser, maiores serão as potencias da referida faculdade.  Acontece, porém, que no início da civilização, devido as características da vida na terra, prevalecia  no homem o sistema instintivo, e, por conta dele,   sobrevivemos, vencemos tantas lutas selvagens, procriamos e mantivemos  a espécie. Posteriormente, com o avanço, o sistema mental se desenvolveu, e o homem passou, mecanicamente,  a ser conduzido pela razão, pouca atenção dando a parte sensível do ser.  Em que pese a ignorância,  a sensibilidade sempre atua, mesmo que na grande maioria das vezes,  sem que  o ser se dê conta, precedendo,  resolvendo, muitos aspectos da vida  antes mesmo que a razão pudesse compreender. Assim é que, muitas vezes,  a mente não consegue explicar porque nos sentimos tão bem em determinados ambientes, nos afinamos sem conhecer as pessoas,  da mesma forma que, mesmo não compreendendo, nos afastamos de outras e lugares que emanam energias  que nos repelem.  O dia que conseguir o homem, compreender, ouvir e fazer o coração participar da vida, com certeza acertará mais, vibrará mais, aumentará,  decisivamente,  seu grau de inteligência.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

A arte de conviver

Inegavelmente,  uma das maiores oportunidades na vida do ser humano é a convivência. Difícil, senão impossível imaginar a existência da raça humana sem  contato físico, mental, sensível e espiritual entre os seres. Penso que a espécie somente resistiu e prosperou diante da construção de laços que permitiram, inicialmente,  a sobrevivência as adversidades climáticas que causavam graves crises de alimentação, ou ainda na proteção dos  animais ferozes que povoavam a terra, e, finalmente,  para se proteger dos ataques de seres da mesma espécie. A convivência permitiu a troca de idéias, o cultivo ao sistema mental, avançando nos ramos da ciência em seus múltiplos aspectos. Embora tal constatação, é evidente a dificuldade nos relacionamentos nos vários ramos da vida, seja, familiar, social ou individual. E, assim, o que deveria ser uma grande oportunidade é desaproveitada,  numa constante luta de imposição de personalidades. Os contatos, as convivências, ao invés de servirem para observar e agregar valores á vida, geralmente,  são pautados na crítica e na exaltação de supostos atributos pessoais. Se ao invés de imperar os defeitos, presidisse a convivência,  a humildade e o afeto, certamente,  o mundo que vivemos seria outro. Ocorre que não é possível dar o que o próprio ser não tem.  Assim sendo, tudo começa no mundo interno, onde oscilações temperamentais jogam o ser de um lado para outro, resultando, incessantemente,  inúmeras sensações de amargura e ingratidão a tantos acontecimentos diários. Com o mundo interno amargurado, é impossível  transmitir aos outros o que efetivamente não possuímos, e por isso, representamos vários tipos psicológicos de acordo com o estado mental do momento. Até que a espécie não se der conta que tem que investir, decisivamente,  na construção e compreensão da sua individualidade ao invés de nutrir a personalidade, continuará refém das guerras em todas as esferas, desde as físicas, mentais, de pensamento, etc. Prova disso é a análise mais próxima que se pode ter da convivência externa, a família, onde incessantes contendas entre pais e filhos, irmãos, marido e esposa destroem  o ambiente familiar.  Se cada um  se dispusesse,  a observar-se, vigiar seus pensamentos, reprimir os impulsos da intolerância, da impaciência, da vaidade e do amor próprio, começaria, sem dúvida, a nutrir a arte da convivência, que se inicia dentro de si mesmo.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Acreditar ou saber...


Inegável  que,  o acerto  ou desacerto nas inúmeras decisões que tomamos diariamente,  estão,  diretamente ligadas  ao grau de conhecimento, inteligência que possuímos. Em que pese isso, decisivos encaminhamentos da vida são tomados por conselhos  oriundos das mais variadas  fontes. É que, devido a propensão que possui o ser humano em crer, além da atração ao fácil e ao engano, ao invés de buscar o conhecimento, “o saber”,  preferimos o caminho mais fácil, ”acreditar”. Diante dessas características psicológicas do ser humano, criaram-se as indústrias  que oferecem soluções para todos os aspectos da vida, sem qualquer suporte no conhecimento.  Tendemos à confiar nos outros,  pedimos, ouvimos  e decidimos segundo as mais diversas origens de idéias. Tais tendências são tão flagrantes, que,  surgido o problema, necessitamos, nos sentimos melhor,  quando transmitimos nossas angústias aos outros, e, inconscientemente,  o alívio ocorre porque ao mesmo tempo, transferimos ao outro parte da responsabilidade na solução. Além de depender da opinião dos outros, também somos generosos em dar palpites nos mais variados temas, sem qualquer preocupação  com a segurança a cerca do suposto conhecimento que possuímos.   Com base no “acredito”, pedimos e damos conselhos,  falamos, discutimos e tentamos inclusive impor  aos outros razões que não detemos.  Por conta disso erramos e induzimos os outros a errar e,  sequer nos damos conta disso.  Todos nós formos criados e detemos a mesma capacidade de desenvolvimento mental, sensível e espiritual,  e, portanto, temos a possibilidade, de, em igualdade de condições, buscar o conhecimento em qualquer  aspecto da vida.  A segurança a cerca do nosso futuro depende, exclusivamente,  do saber, só ele pode nos encaminhar para o bem ou para o mal, para o sucesso ou para o fracasso. O saber devolve ao ser a fé, a única que importa,   a fé em si mesmo,  não mais necessitando  confiar aos outros o que somente a cada um  compete.  Portanto a condução da vida é aspecto individual que não pode e não deve ser terceirizada sob pena de chegar ao fim dos dias amargurado, com a sensação do vazio de uma vida inútil que nada conseguiu produzir  de benéfico para o futuro da humanidade.

domingo, 24 de abril de 2011

Os opostos se repelem


Os conceitos equivocados á cerca dos aspectos mais relevantes da vida, são  responsáveis por tantos dissabores e incompreensões. É bem verdade,  que não nascemos com manual de operação,  nossa educação  e formação é encaminhada segundo os valores  de nossos pais, professores e demais seres que convivemos. Diante da  carência de conhecimentos sobre nós mesmos, vivemos,  decidimos, julgamos e nos conduzimos segundo conceitos e ou pré conceitos,   repassados,  sem nos dispormos  a refletir  do acerto ou não de referidos valores. Assim,  com base no suposto conhecimento  coletivo, se tem  aprendido que “os opostos se atraem”,  sem, como dito, refletir sobre tamanha inverdade. Evidente que,  toda verdade,  pela força e poder que possui,  pode e deve ser questionada e  confrontada com todos os elementos possíveis a fim de certificar-se  do atributo conferido. Como tal, as confrontações, comparações, reflexões, encontram sempre, campo fértil e quase exclusivo na observação de tudo o que nos rodeia. Neste contexto,  para certificar-se de que “os opostos se atraem”, necessário,  avaliar, observar, com os olhos do entendimento, toda vida que nos cerca, seja mineral, vegetal,  animal ou humana,  e buscar nela,  confirmação para a premissa aceita. Fácil será, constatar, que, ao contrário do que se sustenta, o que atrai não são as oposições, diferenças,  e sim as similitudes, igualdades, identidades em seus mais variados aspectos. Assim,  em qualquer dos reinos, vegetal, ou mineral,  a natureza,  mostra sempre,  que  a união é fruto das afinidades. Basta ver que os minerais, quando encontrados não estão isolados, sempre se concentram em determinados lugares, assim como os vegetais que devido a identidade de características se desenvolvem e formam famílias. O ser humano não é diferente, ele se atrai por àqueles que cultivam e mantém  similitudes, identidades, de pensamentos, tendências, gostos e até nos defeitos ou vícios.  A atração, portanto não ocorre com aspectos opostos e sim com os idênticos, e,  somente se manterá se continuarem os seres nutrindo os mesmos valores. Ocorre que, além de não conhecer o seu próprio mundo interno, tampouco  consegue compreender o semelhante, e, iludidos por aparências, acreditamos nos vincular ao oposto, quando na verdade nos unimos  às semelhanças. Por conta disso, quando  pensamentos e sentimentos se opõe, ocorrem as separações.

   

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Inconsciência, assassina da vida


Reiteradas vezes, normalmente em virtude de acontecimentos de graves conseqüências,   nos vemos forçados a refletir sobre os transtornos que envolvem a mente humana.  Pretendo, neste momento,  analisar  a respeito dos trágicos fatos ocorridos, recentemente, no estado do Rio de Janeiro. A análise dos fatos, permitem,  de plano, concluir que não é possível que um ser humano, em seu livre estado de consciência, seja capaz de tamanha brutalidade e maldade. Em que pese isso, relatos jornalísticos aceitos correntemente,  insistem em assegurar que o autor da barbárie agiu conscientemente. Mas o que  significa estado de consciência?  Define a língua portuguesa que  tal estado é resultado  do “alto desenvolvimento da espécie humana”, ou ainda que é  a “faculdade de estabelecer julgamentos morais dos atos realizados”, e por fim que seria a “faculdade de distinguir o bem do mal”.  Da simples leitura do significado do termo, emerge,  de clareza solar,  que  a barbárie,  é incompatível com o estado de consciência. É que o estado de consciência exige do ser,  total amplo e absoluto domínio e controle de todas as suas faculdades, sejam elas mentais ou  sensíveis. A imagem que me ocorre é a de uma orquestra, cujos instrumentos seriam as faculdades,  o sincronismo deles é capaz de produzir maravilhosos sons, assim como podem, desafinar e  provocar desastrosos ruídos.  Assim, o adequado funcionamento das faculdades produz a capacidade de “estabelecer julgamentos morais”, de distinguir “o bem do mal”, e reflete o “alto desenvolvimento da espécie humana”. Por outro lado, os desvios, os distúrbios,   as deficiências psicológicas produzem decisivas interferências no estado de consciência, e,  por conseqüência,  desastrosas atuações.  Tais demonstrações são notadas, diariamente, com maior eloqüência em trágicos acontecimentos,  no entanto,  os seres vivem, a maior parte de sua vida inconscientes. Prova disso é a dificuldade  de recordação do que ocorreu no dia de ontem, ou na semana passada, nos anos anteriores, ou no percurso já vivido. Ora,  tivessem sido conscientes, estariam registrados. E, assim ocorre,  porque vivemos sob a interferência de inúmeras falhas caractereológicas, oscilações temperamentais que não nos permitem ver a realidade. A impaciência, a intolerância, o amor próprio, a vaidade, o rancor, as dificuldades de adaptações, interferem e alteram o ânimo, produzindo,   incapacidade de produção de juízos isentos e corretos a cerca do bem e do mal. A inconsciência, é, portanto, assassina da vida.   

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Pensamentos, forças que nos movem

Embora  a falta de conhecimento a respeito de sua origem, criação, locomoção, somos movidos por  pensamentos. Pensamentos, segundo o humanista Carlos Bernardo Gonzalez Pecotche,  são entidades psicológicas que se geram na mente humana, onde se desenvolvem e ainda alcançam vida própria”. Conhecer a dinâmica dessa força que nos move é possuir uma grande chave na condução da vida. Ciente que somos dotados dos sistemas mental, sensível e instintivo, e que, os pensamentos fazem parte do sistema mental, em  cujo recinto,   são criados e desenvolvidos, nos é facultado,  conhecê-los e dominá-los.  Como dito,  nos é facultado, significando com isso que temos a possibilidade usá-los segundo nossa vontade. Ocorre que, embora seja facultado, por não conhecermos,  normalmente,  somos conduzidos  para os mais diversos pontos sem nos darmos conta de qual e porque o pensamento nos levou até lá. É que, além do desconhecimento dos próprios pensamentos,   tais “forças”,  tem a capacidade de se locomover, passando de mente para mente, sem que sejam percebidos.  Por isso, é tão comum  e fácil constatar que, em inúmeras oportunidades,   o estado mental é drasticamente alterado de um momento para outro, sem que nos demos conta do porque da mudança. Tais oscilações podem ocorrer com o ingresso em nossa mente de pensamentos oriundos de um   telefonema,   do contato pessoal  ou   captados no ambiente. Também somos afetados por pensamentos que possuímos em nossa mente, e que, os alimentamos, nutrimos sem perceber a fera que estamos desenvolvendo. Por conta de tais peculiaridades, muitos são os sofrimentos, as angústias causadas por sutis forças que, embora imperceptíveis,  são responsáveis, por manifestações infelizes, inoportunas e inadequadas. Muitas vezes, embora não manifestados,  permanecem eles “pensamentos”, por dias em nossa mente, sem que tenhamos a possibilidade de afastá-los tornando amargos e infelizes as horas e os dias. Posteriormente, também sem que nos demos conta,  nos abandonam e, como se não tivessem existido,  sequer lembramos dos transtornos que nos causaram. Portanto,  conhecer,  saber identificar, da  origem,  criação e locomoção, é possuir uma grande chave para que os dias sejam mais felizes.  

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Gratidão, pilar da felicidade


Se tivesse que indicar um pressuposto, condição, virtude que levasse a felicidade, certamente seria a gratidão. Inegável que,  a cada dia ao acordar ou ainda ao deitar, nos deparamos refletindo sobre como foi ou como será o nosso dia. Objetivamos, sempre, viver ou ter vivido instantes felizes. No entanto, temos imensa dificuldade em compreender  e aplicar na vida, valores que, de fato,  nos permitam sentir inefáveis sensações de bem estar. Em que pese a simplicidade que é a grande prerrogativa  de viver, criamos dificuldades, problemas, imaginamos, ampliamos,  somos extremamente ingratos e, por isso infelizes. Se,  nos propuséssemos a cultivar em nossa vida a gratidão, inevitavelmente viveríamos melhores e mais felizes. Se, a cada instante, recordássemos,  da grandiosidade que é desfrutar dessa  prerrogativa, “ viver” , tendo em conta que os problemas e dificuldades fazem parte,  e que tais obstáculos nos impulsionam, nos fazem crescer, melhorar,  recebendo-os assim não com sofrimento mas como oportunidades, evidente que além de uma  solução mais adequada ainda,  nos permitíramos sentir sensações menos amargas. Da maneira como são encarados os desafios, a convivência, resulta,  diretamente  o sabor dos instantes vividos. A amargura,  é reflexo direto da ingratidão,  primeiro a Deus, artífice da criação, depois aos pais que nos deram a vida,  e assim a todos os demais que nos rodeiam,   fazendo com que,  tudo seja objeto de crítica de reclamações,  sem qualquer compromisso com a virtude da auto-avaliação,  da generosidade, da amabilidade e da humildade. Essa vida que levamos só é quebrada pelo silêncio das tragédias, das doenças, momentos em que, por instantes,  nos pegamos a analisar o quanto sofremos e fizemos os outros sofrer por ingratidão. Quantos são os seres que após um grande trauma em sua vida, mudam completamente, são mais serenos, gratos e felizes. É possível,  pois, exercitar,  sem a necessidade de um “tranco” da vida,  a virtude da gratidão, iniciando pela oportunidade de ver o sol ao acordar, a brisa a nos refrescar, ao esposo, esposa, pai e filho que nos fazem companhia, ao trabalho que nos dá sustento e possibilidade de crescimento, e, nesses pequenos ensaios,  deixar de ser amargos para sermos  mais doces e felizes. Por fim, cumpre recordar,  que a gratidão só  se exercita quanto juntos, mente e coração (pensar e sentir) vibram em uníssono,  se constituindo em  tributo interno do ser, sem qualquer necessidade de revelação externa, a qual, ao contrário,  geralmente é fruto de falácia.